O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), tem acumulado desconfianças por suas decisões tomadas durante plantões judiciais. Suas liminares, muitas vezes em desacordo com entendimentos consolidados, estão sendo vistas como manobras que favorecem interesses específicos.
A mais recente polêmica envolve os empresários Ruy del Gaiso e Renato Mazzucchelli, investigados na Operação Cortina de Fumaça, do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Eles são acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e até de comprar decisões judiciais via aplicativos de mensagens.
Uma liminar que fala alto
No primeiro dia útil do ano, Ney Bello suspendeu decisões que reconheciam Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, como credor da empresa Imcopa. A liminar beneficiou os controladores do fundo Agro1, que enfrentam investigações no Brasil e no exterior.
O problema? A decisão ignorou oito pareceres anteriores do TRF-1, alterou o relator do caso e desconsiderou o histórico do processo. Para críticos, a medida é um exemplo de como os plantões judiciais podem ser usados para reverter situações já pacificadas.
Dinheiro em Luxemburgo, decisões no Brasil
Ruy del Gaiso e Renato Mazzucchelli também são alvos de investigações em Luxemburgo, onde são suspeitos de desviar milhões de euros de empresas ligadas a Walter Faria. A conexão internacional só reforça a complexidade – e as suspeitas – do caso.
Plantões vs atalhos
Não é a primeira vez que Ney Bello vira motivo de controvérsia por decisões concedidas fora do horário convencional. Em pelo menos dois plantões, suas liminares foram rapidamente derrubadas, alimentando questionamentos sobre o uso dessas ocasiões para decisões consideradas “fora da curva”.
Imcopa
A disputa entre o Grupo Petrópolis e a gestora RC2 pelo comando da Imcopa já se arrasta desde 2018, com decisões judiciais oscilando entre um lado e outro. A mais recente movimentação, no entanto, traz à tona suspeitas mais graves sobre os bastidores do Judiciário.
Silêncio que fala muito
Ney Bello não respondeu aos questionamentos da reportagem. O mesmo vale para del Gaiso e Mazzucchelli, que seguem em silêncio. Até o fechamento desta matéria, ninguém quis comentar as acusações ou a nova reviravolta no caso.
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